O valor da Fipe, ou seja, a tabela usada como referência de preços de veículos no Brasil, é um dos fatores mais comuns para avaliar o preço de carros usados ou seminovos. Mas, em algumas situações, o valor da Fipe não faz tanta diferença assim. Isso acontece porque o preço de um veículo pode ser influenciado por muitos outros fatores, como o estado de conservação, a quilometragem, o histórico de manutenção e até mesmo a oferta e demanda do mercado.
Conheça os principais cenários em que o valor da Fipe perde um pouco do protagonismo.
O que é a Tabela Fipe?
Antes de mergulharmos nos casos em que o valor da Fipe não é tão determinante, é importante entender o que é a Tabela Fipe.
A Tabela Fipe é um índice criado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), usado para calcular o valor médio dos veículos no Brasil. Ela é atualizada mensalmente e serve como uma base de negociação em compras e vendas de carros, motos e caminhões.
Muita gente acha que o valor da Fipe é “a lei”, mas na prática, ele é apenas um ponto de partida. O preço real de um veículo pode ser maior ou menor, dependendo de vários fatores que veremos a seguir.
Quando o valor da Fipe não faz tanta diferença
1. Carros de colecionador ou antigos
Um dos casos mais claros em que o valor da Fipe não faz tanta diferença é quando falamos de carros antigos, também conhecidos como “carros de coleção”.
Esses veículos costumam ter um valor muito superior ao indicado na Tabela Fipe por causa do seu caráter histórico, raridade ou pelo estado de conservação impecável.
A Tabela Fipe não consegue captar o verdadeiro valor de mercado desses carros, já que, na prática, eles são avaliados por critérios bem diferentes, como a originalidade das peças, a baixa quilometragem e a demanda de colecionadores.
Exemplo prático:
Um Fusca dos anos 70 pode estar listado na Fipe por R$ 10 mil, mas para um colecionador, esse mesmo Fusca, em perfeito estado e com peças originais, pode valer R$ 30 mil ou mais.
2. Carros muito personalizados ou modificados
Outro caso em que o valor da Fipe não reflete o preço real do veículo é quando o carro foi bastante modificado ou personalizado.
Carros com acessórios não originais, como rodas especiais, sistemas de som, suspensão rebaixada, envelopamento ou até mesmo mudanças no motor, podem ter um valor bem diferente do que aparece na Fipe.
Embora essas personalizações possam agregar valor para um comprador específico, elas não são consideradas pela tabela. Isso significa que um veículo super personalizado pode ser muito mais caro ou mais barato, dependendo do gosto do comprador.
Exemplo prático:
Imagine um Honda Civic que na Fipe está avaliado em R$ 60 mil, mas ele tem rodas especiais, pintura customizada e um sistema de som avaliado em R$ 10 mil.
Esse carro pode ser vendido por R$ 70 mil, mas, ao mesmo tempo, pode não interessar a muitos compradores, que preferem veículos mais “originais”, fazendo com que o preço caia abaixo do valor de tabela.
3. Veículos com alta quilometragem ou mal conservados
Se o carro tem alta quilometragem ou está mal conservado, o valor da Fipe também pode não ser um bom parâmetro. Veículos que rodaram muito tendem a apresentar mais desgaste, o que afeta diretamente seu valor de mercado.
Da mesma forma, carros que não receberam a manutenção adequada ou sofreram danos graves (mesmo que já reparados) costumam ser vendidos abaixo do valor da Tabela Fipe.
Exemplo prático:
Um Chevrolet Onix de 2018 com 150 mil quilômetros rodados pode estar muito abaixo do valor da Fipe, porque a quilometragem alta indica um desgaste maior do motor e outros componentes. Mesmo que a tabela aponte R$ 50 mil, o carro pode ser vendido por R$ 40 mil ou menos.
4. Carros com histórico de acidente ou sinistro
Veículos que já foram envolvidos em acidentes graves ou que possuem histórico de sinistro também tendem a ser vendidos por um valor muito abaixo da Tabela Fipe. Isso acontece porque, mesmo após consertos, eles são considerados de maior risco e desvalorizam no mercado.
Quando o carro tem o chamado “sinistro de perda total”, ele é registrado pelas seguradoras como tal, e isso faz com que seu valor de mercado caia significativamente, independentemente do valor da Fipe.
Exemplo prático:
Um Fiat Argo que sofreu um sinistro e foi recuperado pode estar na Fipe por R$ 70 mil, mas no mercado, esse valor pode cair para R$ 50 mil ou até menos, dependendo da gravidade do acidente.
5. Regiões com baixa oferta e alta demanda
A oferta e demanda de veículos varia muito de uma região para outra. Em lugares onde a demanda é maior que a oferta, o preço dos carros tende a ser mais alto, mesmo que o valor da Fipe seja um.
O contrário também é verdadeiro: em áreas onde há mais carros à venda do que compradores, os preços podem ficar abaixo da tabela.
Exemplo prático:
Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, alguns modelos de carros podem ser mais caros do que em São Paulo ou no Sul do país, simplesmente porque há menos unidades disponíveis para compra.
Um carro listado por R$ 40 mil na Fipe pode ser vendido por R$ 45 mil ou mais, dependendo da demanda local.
6. Carros de marcas ou modelos com baixa aceitação
Carros de marcas que não são tão populares ou que saíram de linha recentemente também podem ter seu valor de mercado abaixo da Fipe. Isso acontece porque esses modelos têm menor procura, o que faz com que os proprietários precisem baixar o preço para conseguir vendê-los.
Exemplo prático:
Um Peugeot 207, que não é mais fabricado, pode ter seu preço de Fipe em R$ 20 mil, mas como a demanda por esse modelo é baixa, o valor real de venda pode ser bem inferior.
Tabela: Casos em que o valor da Fipe não faz diferença
Situação | Impacto no preço | Exemplo prático |
Carros de colecionador | Preço bem acima da Fipe | Fusca dos anos 70 |
Veículos modificados ou personalizados | Preço varia muito | Honda Civic com rodas especiais e som potente |
Carros com alta quilometragem | Preço abaixo da Fipe | Chevrolet Onix 2018 com 150 mil km |
Veículos com histórico de sinistro | Preço bem abaixo da Fipe | Fiat Argo com sinistro recuperado |
Regiões com alta demanda | Preço acima da Fipe | Carros no Norte e Nordeste |
Marcas ou modelos com baixa aceitação | Preço abaixo da Fipe | Peugeot 207 |
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. O que significa quando dizem que um carro está “abaixo da Fipe”?
Significa que o preço de venda do veículo está inferior ao valor médio indicado pela Tabela Fipe. Isso pode ocorrer por vários motivos, como alta quilometragem, histórico de acidente ou baixa demanda no mercado.
2. Posso usar o valor da Fipe para negociar o seguro do meu carro?
Sim, o valor da Fipe é geralmente utilizado como base para o cálculo do seguro do veículo, mas cada seguradora pode aplicar suas próprias regras. Vale a pena consultar a apólice para entender os detalhes.
3. O valor da Fipe muda muito de um mês para o outro?
O valor da Fipe é atualizado mensalmente, mas as variações não costumam ser muito significativas de um mês para o outro. No entanto, em momentos de crise ou flutuações econômicas, os preços podem oscilar mais.
4. Carros de leilão valem menos que a Fipe?
Sim, carros adquiridos em leilão geralmente são vendidos por um valor abaixo da Fipe, especialmente se tiverem histórico de sinistro ou problemas mecânicos.
5. Existe uma tabela semelhante à Fipe para motos?
Sim, a Tabela Fipe também inclui os valores médios de motos, além de caminhões e carros.
Resumo e conclusão
Como vimos, o valor da Fipe é uma referência importante no mercado de veículos, mas nem sempre é o fator decisivo.
Em casos como carros de colecionador, veículos modificados, com alta quilometragem ou histórico de acidentes, o preço pode variar bastante em relação ao que a tabela sugere. Além disso, a oferta e demanda regional e a aceitação de determinadas marcas também influenciam diretamente o valor final de venda.
Por isso, se você está comprando ou vendendo um carro, é sempre bom usar a Fipe como um ponto de partida, mas levar em consideração todos esses fatores para garantir que está fazendo um bom negócio.
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